A questão do aborto no Brasil

  • 0

No período da República Romana, por ser uma ofensa ao direito do marido à sua prole, a prática do aborto era considerada imoral e condenava as mulheres a morte. Com o surgimento do cristianismo, a mentalidade e os costumes mudaram, e o aborto passou a ser criminalizado por, na visão católica, destruir a vida intra-uterina, ou seja, interromper uma vida em formação. Atualmente, mesmo o Estado brasileiro sendo laico, o ideal cristão ainda influência fortemente na criminalização do aborto, matando milhões de mulheres. Nesse sentido, faz-se imprescindível a legalização do método não só para que as gestantes possuam seus direitos básicos garantidos, como também para reduzir o número de procedimentos.

Em primeiro lugar, é importante destacar que a criminalização nega diretamente o princípio constitucional de direito à escolha dos indivíduos. Segundo o Instituto Guttmacher, estima-se que mais de 20.000 mulheres morrem anualmente em decorrência de abortos inseguros. Sob esse viés, é possível desvencilhar que, por não terem escolha para realizar o aborto legalmente, gestantes buscam receitas e medicamentos na internet para interromper a gravidez e, por não saberem dos riscos que estão se expondo, acabam tomando doses indiscriminadamente, podendo levá-las a morte. Sendo assim, por terem o seu direito negado, as mulheres são obrigadas a pôr suas vidas em risco.

Ademais, presencia-se que a existência de um atendimento público para a realização do aborto não banalizaria o procedimento. Embora o termo legalização traga consigo a ideia de que o número de abortos aumentaria, uma vez que deixa o processo de forma gratuita para as mulheres, os estudos do Instituto Guttmacher demonstram que, entre os anos de 2010/2014, em países em que o procedimento deixou de ser crime, como Portugal e Uruguai, a taxa desses casos caiu. Dessa forma, percebe-se que, devido as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando o método passa a ser oferecido pelo sistema de saúde de um país, as mulheres têm atendimento psicológico para saber a necessidade do aborto, saindo do local com indicação e orientação para o uso adequado de um método contraceptivo, reduzindo as chances de uma nova gravidez indesejada.

Portanto, é mister que o Estado tome providências para reverter o quadro atual. Para que as mulheres não tenham seus direitos básicos afetados e que o aborto seja legalizado, urge que a OMS crie no Brasil, por meio de verbas governamentais, um atendimento de saúde público que detalhe e instrua como o procedimento funciona e advirta os internautas sobre oa perigos do aborto clandestino, possibilitando que o interlocutor possa buscar médicos e psicólogos para avaliar a necessidade do método. Assim, espera-se que, diferente do que aconteceu na República Romana, as mulheres sejam resguardas e possam decidir sobre o que fazer com o seu corpo, assim como em Portugal.

Compartilhar

3 Correções

  1. Olá, beleza ? você escreveu super bem e sabe organizar corretamente a redação dissertativa/argumentativa que a banca espera. Achei que para melhorar ela, você pode focar na argumentação. A conclusão está boa e obedece os 5 elementos proposta na competencia 5. É isso aí, continue treinando e boa sorte.
    Acho que seu texto vale 860

    • 1
  2. Olá, boa tarde, tudo bem? Primeiramente parabéns pela redação, foi muito bem escrita! Abaixo vou deixar alguns detalhes que observei nela. Não sou expert nem nada, mas espero te ajudar de alguma forma.

    – Vi poucos erros de ortografia
    – Você utilizou uma mesma fonte de repertório para os dois desenvolvimentos. Seria melhor se utilizasse diferentes.
    – Achei seu texto um pouco grande

    • 1
  3. Boa tarde!! O texto em si está muito bom, porém eu achei que você poderia abrir um espaço para sua opinião, falar um breve resumo sobre o que você acha e se você quiser poderia até apresentar fatos que comprovam coisas mencionadas em sua opinião. Poderia também retratar mais sobre a realidade das mulheres que optam por abortar aqui no Brasil, pois não é uma questão fácil de se discutir. Mas, parabéns pelo texto!!!

    • 0

Você precisa fazer login para adicionar uma correção.