A questão da segurança alimentar no Brasil.

Durante a Segunda Guerra Mundial iniciou-se o pensamento de segurança alimentar, visando o abastecimento interno do país. Logo após o final do conflito, a segurança alimentar passa a ser uma estratégia global, sendo tratada como um direito humano básico. No Brasil, a segurança alimentar é definida por “a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade…”, entretanto, embora assegurada por lei, o Brasil sofre com a deficiência na segurança alimentar. Isso ocorre devido a problemas estruturais associados ao abastecimento, levando ao desperdício de alimentos, além de um descaso com o fornecimento ao mercado interno. Com isso, nota-se a necessidade da analise de tais quadros para a compreensão dos problemas de segurança alimentar vivenciados no Brasil.

Em primeiro plano vale-se ressaltar que o meio de transporte mais utilizado no Brasil é inconsistente com sua extensa área, causando danos as mercadorias transportadas. Tal fato decorre de investimentos feitos pelo presidente Juscelino Kubitschek entre os anos de 1956 e 1961 em rodovias, interligando o país por uma ampla malha rodoviária. Entretanto, o sistema rodoviário é precário impossibilitando o rápido escoamento de mercadorias perecíveis para os centros urbanos, resultando no desperdício de milhares de alimentos. Outrossim, o armazenamento indevido de consumíveis leva a problemas na comercialização e consequentemente a perda destes, como ocorreu em 2020 com a marca de cerveja Heineken que apresentou irregularidades em sua embalagem tendo de ser retirada de circulação.

Em segundo plano destaca-se a negligencia com o abastecimento do mercado interno brasileiro.  Desde o processo de colonização, o Brasil visa a exportação para mercados estrangeiros, inicialmente com o comercio de cana-de-açúcar e séculos depois com a produção intensiva de soja e milho. Com isso o mercado externo ganha destaque em prol do interno, fazendo com que investimentos nocivos sejam aprovados visando uma superprodução, tal como ocorreu em 2018 com a aprovação de diversos agrotóxicos a qual ficou conhecida como “Pec do Veneno”, levando a um comprometimento da segurança alimentar. Em consequência aos elevados investimentos em mecanização da produção agrícola ocorrem especulações sobre os preços dos alimentos, criando assim, problemas para sua justa subdivisão no contexto econômico atual do Brasil.

Portanto, nota-se que no contexto atual a segurança alimentar brasileira é secundaria ao ganho de capital, acarretando em problemas de distribuição e abastecimento igualitário. Logo, para que ocorra a garantia de segurança alimentar em todo o Brasil, o Ministério da Agricultura deve investir em pequenos produtores visando o abastecimento de feiras e mercados com preços acessíveis a todo população, além disso a ANVISA deve monitorar as produções rigorosamente assegurando o uso correto de agrotóxicos para que não ocorra a contaminação dos alimentos. Assim, a segurança alimentar será gradativamente assegurada para toda a população brasileira, garantindo o direito de cada cidadão a alimentos de qualidade tal como prevê a legislação.