A Questão da automedicação no Brasil

No seriado “House” é representado o cotidiano do doutor House no hospital em que trabalha. A trama também aborda o vício em antibióticos para dor, adquiridos sem receita, que muitas vezes impossibilita o médico de trabalhar. Analogamente a realidade, o acesso aos medicamentos tem tornado cada vez mais comum a problemática da automedicação. Soma-se a isso, a mentalidade curativa e imediatista da população aliada a negligência governamental em promover o bem-estar social.

Em primeira análise, é importante salientar que o discurso social é um dos fatores que ampliam a ocorrência da automedicação. Dessa forma, devido a ideologia de saúde difundida no pensamento brasileiro, a autossuficiência faz com que a busca por medicamentos que atuem de forma rápida e eficaz seja uma prática corriqueira, todavia, consequências graves podem acometer quem utiliza esse método. Exemplo claro desse fato é que 20 mil pessoas morrem anualmente no Brasil segundo a ABIFARMA- Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas, devido a automedicação. Evidenciando assim, que o autodiagnóstico e a utilização de fármacos sem prescrição, acarretam consequências graves.

Outrossim, a falha no Sistema de Saúde promove o uso de remédios sem indicação médica. Desse modo, a população passa a utilizar meios alternativos como a internet ou as narrativas populares para diagnosticar seus problemas de saúde, a partir disso, os centros médicos tornam-se ineficazes para tratar os doentes. Esse cenário relaciona-se com o proposto pelo teórico segundo Bauman em sua teoria sobre instituições zumbis em que os agentes sociais não tem sua forma mais perdem sua função. Dessa maneira, a falta de infraestrutura, médicos e equipamentos faz com que cresça o pensamento coletivo negativo sobre os centros médicos agravando esse obstáculo.

Diante dos fatos supracitados, é inegável que o velho hábito dos brasileiros de se automedicar e o déficit no Sistema de Saúde promovem a automedicação. Assim, cabe ao Ministério da Saúde criar um Programa de Combate à Automedicação, utilizando os meios midiáticos para propagar informações sobre o uso indevido de medicamentos, além de promover uma fiscalização mais rigorosa por meio da ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do repasse de medicamentos nas farmácias, para evitar as consequências desse uso irregular. Ademais, o Estado deve criar um projeto de lei para destinar verbas para reformas e aprimoramento dos hospitais e postos públicos de saúde, para que casos como o do Doutor House não sejam cada vez mais comuns.