A problemática do lixo eletrônico no Brasil.

Na obra “Sociedade em rede”, o autor e sociólogo Manuel Castells expõe o quanto as relações humanas se beneficiaram com o advento da revolução tecnológica e da internet, tornando-se cada vez mais interligadas, facilitando a disseminação de informações. No entanto, no Brasil, apesar dos inúmeros benefícios, o uso crescente de inovações, como os celulares e computadores têm gerado conflitos em relação ao acúmulo do lixo eletrônico, podendo prejudicar o equilíbrio ambiental, como também a saúde e bem estar dos cidadãos.

Dentre os países da América Latina, em 2017, o Brasil foi o maior produtor de lixo eletrônico, englobando pilhas, baterias, Smartfones, etc. Fatores como a obsolescência programada, constantes aprimoramentos nos aparelhos e o uso de propagandas, fomentam o consumismo no país e corroboram para esse fato, demonstrando o ajuntamento desnecessário de aparatos tecnológicos em âmbito nacional. Além disso, existe a problemática do descarte correto de tamanho volume dos resíduos eletro tecnológicos.

Embora existe a obrigação legal, por parte dos fabricantes, de exercer a logística reversa dos produtos , ou seja, ofertar o recolhimento e reciclagem, faltam postos de coleta dos materiais. Segundo o relatório nacional de informações sanitárias, apenas 13% das cidades brasileiras possui coleta especifica para resídios eletrônicos.

Esse levantamento justifica a presença indevida de aparelhos tecnológicos nos lixões comuns. Suas peças, fabricadas com metais pesados, como o chumbo, podem causar tumores e distúrbios neurológicos em humanos, colocando em risco a saúde dos trabalhadores e habitantes periféricos dos lixões. Outro problema diz respeito à contaminação do lençol freático por meio das chuvas, comprometendo recursos hídricos e o equilíbrio nos ecossistemas .

Evidencia-se, portanto, a relação entre o grande consumo de artefatos eletrônicos, a ausência da destinação correta de seus resíduos e as consequências sanitárias e ecológicas que tais resíduos podem acarretar. Por conseguinte, cabe ao Ministério do Meio Ambiente, com verba pública, implantar em locais estratégicos, com grande movimentação popular, como os terminais de transporte público, por exemplo, pontos de coleta de pilhas, baterias, cabos, etc, destinando os materiais recolhidos à reciclagem correta posteriormente. Também é de responsabilidade privada, por iniciativa empresarial, oferecer maior destaque às políticas de recolhimento de aparelhos e peças, por meio de informativos em seus pontos de venda. Essas medias devem atenuar os conflitos ambientais e sanitários gerados pelo lixo eletrônico no Brasil.