A prática de bullying nas escolas do Brasil

Segundo Jean-Paul Sartre, a violência, independente de qual seja a forma que ela se manifesta, é sempre uma derrota. Nesse sentido, pode-se confirmar que o pensamento do filósofo francês está relacionado à presença de bullying nas escolas, haja vista que é uma brutalidade persistente na realidade nacional. Dessa forma, a omissão dos pais e dos institutos educacionais nessa questão são entraves à solução da problemática.

Em primeira instância, evidencia-se que a falta de atenção dos progenitores é um obstáculo à redução do bullying nas instituições de ensino. Isso ocorre devido à baixa participação dos pais, majoritariamente, no cotidiano dos filhos, favorecendo o desconhecimento acerca das possíveis agressões que as crianças e adolescentes sofrem. Nesse aspecto, nota-se que essa atitude é diferenciada da abordada no filme “Extraordinário”, no qual o protagonista conta com pais engajados na sua vida escolar, atentos às intimidações que ele sofria. Com isso, quando esse comportamento não é adotado pelos responsáveis, os ataques podem gerar efeitos nocivos no estudante alvo, como ansiedade, aumento da agressividade e queda do rendimento escolar.

Outrossim, os colégios nacionais não são preparados para combater o bullying. Tal afirmativa justifica-se, uma vez que a escola apresenta um método de aprendizado meramente expositivo dos conteúdos pedagógicos, preceito criticado pelo iluminista Rousseau em sua obra “Emílio, ou Da Educação”. Consequentemente, uma das funções sociais da escola – promover a aceitação e convivência entre as diferentes pessoas- não é respeitada, perpetuando os casos de intimidação sistemática nesses locais.

Infere-se, portanto, que é necessário incluir a família, além da escola, na questão da presença do bullying no Brasil. Para solucionar essa problemática, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com as secretarias municipais, promover debates nas instituições de ensino para que eles sejam conscientizados sobre a situação. Essa medida deve ser alcançada por meio do redirecionamento de impostos, envolvendo todo o corpo escolar -incluindo professores, alunos e familiares- no combate a esse tipo de agressão a fim de reduzir esses casos nos colégios de todo o país. Além disso, psicólogos devem ser contratados para atuar como orientadores, auxiliando as vítimas a lidar com os danos psicológicos causados pelos abusos sofridos. Sob tal perspectiva, a derrota indicada por Sartre não será mais parte da realidade dos alunos brasileiros.