A posse de armas é realmente uma alternativa para a violência no Brasil?

A série One Day at a Time retrata a história de uma família cubana refugiada nos Estados Unidos. A matriarca, Lydia, discorre em um episódio sobre a falta de proteção estatal em seu país de origem, e as vantagens de viver em um país que permite a posse de armas. Sua filha, Penelope, por sua vez, aponta os inúmeros casos de acidente pela presença de armas nas residências. Nesse sentido, faz-se necessário analisar os benefícios e prejuízos da problemática supracitada.

Em primeiro plano, vale postular que um dos principais argumentos para a liberação das armas de fogo no Brasil é a negligência governamental em relação a segurança civil de sua população e a necessidade de defesa pelo armamento. Sob esse viés, é axiomático perceber que mesmo indivíduos com preparo psicológico e técnico para fazer uso de armas, como policiais, já sofreram ataques e até mesmo morreram com as próprias armas. No jornal Cidade Alerta, por exemplo, foi reportado que um homem algemado conseguiu dominar fisicamente um policial e matá-lo, de modo a demonstrar que a utilização de armas é perigosa e deve ser rigorosamente controlada pelo Estado.

Cabe mencionar, outrossim, que, segundo o Ipea, o Estatuto de Desarmamento, de 2004, reduziu o número de mortes por acidente e suicídio em 50%, além de diminuir a taxa de homicídios em até oito vezes, em regiões com maior índice de armamento. Infere-se, portanto, que a política de desarmamento se mostra eficaz na busca pela queda da violência. Nesse contexto, impede-se a confirmação da teoria das Instituições Zumbi de Zygmunt Bauman, em que apesar da presença das esferas de poder, estas são inúteis em seus papéis.

Diante dos fatos abordados, urge que o Estado tome medidas eficientes para mitigar o cenário atual. É essencial que o Poder Legislativo elabore um projeto de lei que amplie o Estatuto do Desarmamento e proíba o uso de armas de fogo por indivíduos que não tenham um rígido treinamento psicológico, físico e técnico. Também devem haver profissionais da segurança que fiscalizem e recolham armas não legalizadas, em especial de regiões com maior índice de homicídios. Assim, espera-se retirar a violência da conjuntura hodierna da nação.