A manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

A notória franquia cinematográfica “Matrix”, das diretoras norte-americanas Lilly e Lana Wachowski, retrata a dominância de um misterioso sistema cibernético, que manipula o comportamento dos homens em um mundo computadorizado. Fora da ficção, o mundo do século XXI vivencia um cenário semelhante ao mundo retratado pela obra supracitada, uma vez que o advento da internet, interligado aos algoritmos empresariais, vêm contribuindo para a alienação e manipulação do comportamento dos cidadãos brasileiros.

Em primeira instância, é mister salientar que, segundo o sociólogo britânico Alain de Botton, o prelúdio da internet proporcionou uma exorbitante globalização da informação através do mundo. Nesse cenário, observa-se uma demasiada influência do homem pela internet, ocasionada pelo bombardeamento exacerbado de informações que fluem no mundo virtual e que, por muitas vezes, tratam-se de informações falsas que visam a difusão do ódio e da violência – as Fake News -. Logo, visto a indubitável manipulação negativa da índole do homem pelo controle de informações na internet, transcende-se a necessidade de um regulamento cibernético adequado, frente aos motivos supracitados, a fim de defrontar essa problemática.

Ademais, cabe pontuar que, segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, os mecanismos tecnológicos, aliados ao incentivo do consumismo desenfreado, resultam em uma sociedade que anseia constantemente por produtos novos e atualizados. Nesse contexto, possibilitou-se a ascensão, no meio virtual, do controle de algoritmos por empresas que, por sua vez, as utilizam para selecionar os conteúdos a serem exibidos aos internautas, com base em seus perfis socioeconômicos, a fim de instiga-los na aquisição de produtos que, na maioria das vezes, são desnecessários. Sendo assim, é indispensável a atuação de um letramento tecnológico coletivo da comunidade brasileira, em busca de abnegar a persuasão exercida pelos algoritmos empresariais na internet.

Desta maneira, é necessário que o Governo Federal – órgão responsável por gerir e organizar a sociedade -, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, intervenham, a fim de proporcionar a criação de regulamentos e subterfúgios eficientes, por intermédio da esfera legal, que coíbam a influência hodierna exercida pela internet, como a criação de projetos sociais de letramento tecnológico, as quais irão educar a comunidade nacional a eludir os mecanismos de persuasão que permeiam o mundo cibernético. Desta forma, tencionar-se-á, através dessas medidas, que a realidade da sociedade brasileira não se torne àquela vivenciada em “Matrix”.