A INVISIBILIDADE INDÍGENA NO BRASIL ATUAL

No poema “Erro de Português”, de Oswald de Andrade, o autor utiliza do título para relacionar a postura eurocêntrica de Portugal e erros de escrita. Na atualidade, a sociedade originada pós colonização ainda possui limitações oriundas desse processo histórico. A baixa visibilidade e legitimidade dos indígenas facilita o comércio extrativista e o agronegócio exploratório, no cerceamento das comunidades decorrente da grilagem de terras não demarcadas. Nesse sentido, é fundamental analisar as causas, consequências e possível solução da invisibilidade indígena no Brasil, para garantir seus direitos e identidade sociocultural.

Como observado em “O Guarani”, de José de Alencar, o romance indianista descreveu a figura dos indígenas com saudosismo, exuberância e todo o garbo dos textos românticos. Entretanto, estudos do IBGE do ano de 2010 vão de contra essa valorização pois, de acordo com os dados, a população indígena atual é, aproximadamente, 82% menor do que a original. A redução intensa no número de índios brasileiros se deve, no contexto atual, por conflitos motivados pela disputa de território indígena e o controle dessas terras para impulsionar o agronegócio. Frequentemente por falta de conhecimento histórico, cultural e resquícios do eurocentrismo ainda presente, a população brasileira negligencia essa situação alarmante.

Compreendendo, assim, as razões iniciais que levam à estagnação da identidade indígena, a consequência direta desse evento é a incapacidade de entender a própria singularidade e gênese. Para além disso, o desmatamento e queimadas na região Norte, assim como a imagem deturpada dos povos
indígenas, também são produtos de um silenciamento maior. Segundo processo do MPF no ES, de 2020, a grilagem de terras é um processo recorrente e afeta principalmente comunidades mais isoladas. Destarte,
uma sociedade que não é direcionada a compreender o valor do território nacional, diversidade e valorização étnica produz gerações desinformadas e incapazes de resgatar sua ancestralidade.

Faz-se necessário, portanto, restaurar a legitimidade e segurança dos povos indígenas e os princípios da essência do indivíduo brasileiro. Dessa forma, cabe ao Ministério do Meio Ambiente demarcar legalmente os territórios destinados aos índios, além de ação conjunta com o Ministério da Educação, a fim de aproximar as tribos e o ensino de base do país, reforçando o conhecimento e valorização real da história e importância na construção do Brasil. Conclui-se que, o poder público e a sociedade precisam defender os direitos, cultura e ensino da história indígena. Então, somente dessa forma, reafirmaremos nossas reais origens e identidade nacional.