A introdução da leitura na primeira infância

No livro, “Pedagogia do oprimido”, do autor Paulo Freire, ilustra uma reflexão acerca de como a educação escolar, especialmente a escola pública, está organizada para reproduzir os processos de dominação de classe e de como a pedagogia de ensino está a serviço da manutenção da realidade do país. Nesse sentido, a introdução da alfabetização infantil torna-se tardia e mal estruturada, o que evidencia a necessidade da criança se libertar da situação de oprimido. Assim, a partir desse viés, é imprescindível discutir as motivações  para a não consolidação da educação desde cedo no Brasil.

É preciso entender, de início, que a alfabetização não é vista como primordial no país. Tal questão ocorre porque, o estado, movido por uma medida aristocrata, prioriza outros segmentos de convívio em detrimento de uma educação desde o berçário para toda a população, o que implica dizer que o conhecimento está em poucos lares e, isso, impossibilita a modificação de sua condição social. Analogamente a essa situação, a obra “ensaio sob a cegueira”, de José Saramago, ainda no século XX, evidencia a incapacidade de enxergar os problemas ao seu redor, pois, a cegueira abranda todo o segmento da sociedade e ,perpetua até os dia de hoje do século XXI em relação ao ensino. Dessa forma, enquanto o letramento na primeira infância não for considerado importante, a analfabetização será uma consequência.

Vale ressaltar, ainda, que a desigualdade social é um grande pilar da exclusão de muitas crianças nas escolas. Isso acontece na medida que, é impossível manter uma educação de qualidade quando a fome persiste em muitas famílias brasileiras. De acordo com Darcy Ribeiro, antropólogo do século XX, a manutenção da disparidade não é uma crise, mas um projeto desumano organizado pelas elites econômicas, tomando como base esse pensamento, é explicada a preferência do governo em relação à população ativa  que participa da economia, ao invés de investir em oportunidades para os indivíduos pobres ingressarem em uma instituição escolar. Com isso, pode-se exemplificar essa problemática ao observar os dados do FMI , os quais afirmam que o Brasil é a nona maior economia do mundo, havendo uma contradição com a realidade da maioria da população.

Evidencia-se, portanto, uma tomada de medidas para introduzir a educação nos primeiros anos de vida. Para isso, é fundamental que o Ministério da Educação, em parceria com o poder executivo federal, distribua igualmente um ensino nas periferias do país, por meio de professores voluntários e materiais necessários para alfabetização de crianças e pais. Tal iniciativa terá como nome “Aprendendo desde cedo”, para que o conhecimento atinja todas as famílias  necessitadas. Além de enviar cestas básicas, todos os meses do movimento, a fim de acabar com a fome que dificulta o foco da aprendizagem. Afinal, um indivíduo alfabetizado não crescerá opressor da sociedade, como nas palavras escritas por Freire.