A importância do debate sobre relacionamento abusivo no Brasil

No filme “Esquadrão suicida” o relacionamento abusivo é retratado a partir da relação
de Arlequina e Coringa, uma vez que ele chega a maltratá-la física e psicologicamente, sem que ela perceba a manipulação, assim como muitas vezes acontece na realidade. De maneira análoga ao filme, o atual momento em que vivemos tem sido marcado por um aumento destes abusos, seja pela rotina diária que o confinamento trouxe, seja pela dificuldade de percepção de quem está em um relacionamento abusivo. Logo, se faz necessária a discussão sobre o abuso nas relações atuais, uma vez que estas têm conquistado seu espaço na sociedade de forma silenciosa e causando um grande estrago ao longo da história.
Em virtude da pandemia, os casos aumentaram drasticamente, visto que com a rotina diária, alguns casais passavam apenas uma parcela do dia juntos, e com o confinamento, passaram a ficar juntos diariamente, podendo abalar o relacionamento que antes era saudável. Com isso, é relevante abordar que de acordo com a ONU, 243 milhões de mulheres, 80% do total no último ano, sofreram violência física, sexual ou psicológica por um parceiro íntimo, deixando o Brasil como o 5° no ranking de feminicídio, onde três em cada cinco mulheres sofrem, sofreram ou sofrerão de relacionamentos assim, com aumento de 50% dos casos durante pandemia. Apesar de existir abuso contra homens, as mulheres estão em destaque, representando mais de 70% dos casos, situação que deve-se ao machismo estrutural e cultural da sociedade
Devido ao aumento de casos, diversos especialistas têm se pronunciado, como é o caso da psicóloga Beatriz Brandão, ao afirmar que é raro conseguir identificar as características de um relacionamento abusivo desde o início, e, quando o indivíduo recipiente do abuso começa a reconhecer sua posição dentro do relacionamento tóxico, já é tarde -o abusador já deixou traumas psicológicos, podendo deixar a vítima ansiosa, depressiva e com baixa auto-estima. Outra característica marcante do abusador é induzir sua vítima gradativamente a se afastar de familiares, amigos, para que a parceira fique ainda mais presa na relação e sem apoio exterior. Com isso, cabe à família que é observar tais mudanças e saber como reagir perante a isso.
Portanto, a fim de reduzir tais problemáticas faz-se necessário a intervenção do Ministério da Saúde e o Ministério da Educação (MEC), produzir e anunciar propagandas comerciais educativas em canais abertos de televisão que ensinem o público a identificar um relacionamento abusivo e a como agir corretamente diante desse problema. Também se faz preciso que o Ministério da Segurança,em parceria com as secretarias municipais, criem programas de denúncias contra esses relacionamentos,que forneça o amparo e proteção necessária às vítimas.Logo, quando estas práticas forem colocadas em ação, é esperado que casos como de Arlequina e Coringa serão evitados.