Definida como o exercício do conjunto de direitos e deveres civis, políticos e sociais, a cidadania apresenta-se inconclusa no Brasil, conforme ratificou o historiador José Murilo de Carvalho. Com certeza, uma das razões desse impasse é a omissão da substancial parcela populacional em praticar uma democracia participativa em prol da melhoria da qualidade de vida nacional. Diante dessa perspectiva, cabe analisar como tal despolitização deriva da ausência de patriotismo e do produto da corrupção sistêmica.
É fundamental enfatizar, a princípio, que o enfraquecido nacionalismo é responsável pelo escasso engajamento de grande parte populacional. Isso ocorre porque, conforme defendeu o sociólogo Zygmunt Bauman, o ensino brasileiro falha na ampliação da criticidade sociopolítica das pessoas, o que colabora para que muitas delas sintam-se impotentes para lutar contra adversidades ao bem-estar social. Assim, diferentemente da geração ativista de 1968, que, nos movimentos estudantis, clamou por equidade e cidadania, a de hoje aliena-se da política, excluindo-se do combate à desigualdade. Consequentemente, tal indiferença permite a banalização de graves problemas, o que deve ser evitado.
Outrossim, a reprovação moral dos comportamentos de políticos corruptos influencia nas eleições. Isso acontece porque, segundo pesquisas do Datafolha, os brasileiros acreditam que o maior problema do país é a corrupção sistêmica, de modo que deixa o eleitor perdido e com a impressão de que todos os políticos são iguais, sem acreditar em uma possível mudança positiva para o Brasil. Dessa forma, tal visão do povo descredibiliza a importância do voto, aumentando o seu desinteresse pela política e formando um esteriótipo indevido de que a participação política é infrutífera, o que precisa ser combatido.
Diante do exposto, evidencia-se que o progresso da qualidade de vida nacional necessita do engajamento praticado de forma eficiente pela nação. Nesse sentido, o Ministério da Educação deve promover projetos pedagógicos nos centros de ensino, como palestras e debates, por meio de ativistas e professores que enfatizem aos discentes sobre a importância da mobilização populacional no combate a problemas derivados da máquina governamental. Além disso, tais profissionais devem instruir como votar de modo produtivo, incentivando, por exemplo, estar atualizado sobre os acontecimentos e propostas políticas, a fim de ampliar a criticidade sociopolítica desse público. Feito isso, a politização do povo brasileiro poderá ser, consoante José Murilo de Carvalho, uma premissa para a consolidação da cidadania.
Yassuo
Léxico gramatical excelente, apenas lhe presto o devido cuidado ao repetir as palavras “Porque”; “Isso”; “Disso”, onde geralmente este problema ocorre com frequência. A repetição de palavras não é presente na sua redação, apenas estou fazendo uma observação sobre, tirando este critério, meus devidos parabéns.