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A importância da literacia familiar em debate no Brasil

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       No livro “Capitães de areia”, de Jorge Amado, o personagem “Professor” torna-se leitor assíduo após roubar alguns livros, que, como consequência, o deixaram mais criativo para planos de ação e era quem sempre contava histórias para os demais antes de dormir. Apesar de o grupo não constituir uma família tradicional brasileira, vê-se a importância da literatura no contexto. Do mesmo modo, a relevância da mesma, no Brasil hodierno, precisa ser discutida. Entretanto, existem obstáculos quanto à implementação da literacia familiar, relacionados ao tempo reduzido na sociedade moderna e a pouca elucidação da necessidade da questão.

        A leitura domiciliar é essencial para o desempenho da criança, uma vez que a encoraja pela busca por conhecimento em tenra idade. Como exemplo, pode-se analisar os jovens descendentes de asiáticos do sudeste do país. Por uma questão de cultura, os pais se envolvem intensamente na educação do filho, assim, não é surpresa sua exímia proficiência e destaque nos vestibulares mais difíceis de São Paulo. Ademais, a prática contribui para o desenvolvimento de melhores cidadãos, já que há a exposição de diferentes pontos de vista desde cedo. Desse modo, o indivíduo se põe no papel de alteridade com mais facilidade, em relação à geração anterior, o que contribui para uma sociedade mais respeitosa.

       Todavia, existem dificuldades para a inclusão dos textos em casa. Primeiramente, os parentais ou próximos possuem pouco tempo na atualidade. Tal situação pode ser explicada pelo termo “Sociedade do cansaço”, de Byong Chu Han, que explicita o esgotamento físico e mental da população, causado pela idolatria à produtividade no trabalho e a desconsideração de momentos de lazer. Assim, os responsáveis deixam de acompanhar os sujeitos na infância, ao se observar que priorizam o âmbito laboral de suas vidas. Além disso, existe um impasse em entender o valor dos livros, pelas camadas mais pobres, por conta da tão recente alfabetização. Dessa forma, a forte hierarquia na nação faz as pessoas, que há pouco tempo não sabiam ler, verem a educação como um privilégio inadequado ao ambiente de baixa renda.

       Portanto, com o objetivo de promover o desenvolvimento pleno aos seres em formação, o Ministério da Educação deve investir em programas de auxílio financeiro para encorajar familiares na participação da educação dos mais novos, por meio de parcerias com editoras de livros infanto-juvenis, que auxiliem com obras que tratem, por exemplo, das diferentes culturas e identidades, de modo a desenvolver o altruísmo. Também, o mesmo ministério deve fazer campanhas que incitem a leitura como algo prático e possível a todos, independente de classe social, bem como a visão do lazer como um cuidado com a saúde, de maneira a direcionar os adultos a terem esses momentos com suas crianças.

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2 Correções

  1. Introdução ótima. Não vejo necessidade de citar que o ‘brasileira’ em família tradicional, o livro é brasileiro, pode suprimir nacionalidade. Boa tese também.

    D1 tem um grande problema: você usou como pilar uma informação sem embasamento algum, e que não é a realidade. Essa ideia de que os orientais do Brasil em maioria possuem uma família que apoia fortemente os estudos e a educação, é apenas parcialmente real. Hoje já temos descendentes de quarta, quinta e sexta-geração, cujos responsáveis não mais dão aquele incentivo herdado das origens, posso te dizer que com certeza os destaques descendentes de asiáticos nos vestibulares (principalmente nikkeys) são menos da metade da faixa da idade deles. Estudei com muitos nikkey, a realidade mudou bastante. “Abrasileirou”. De toda maneira, foi uma informação com importância no seu argumento, se você tivesse dados de uma pesquisa ou algo mais concreto, seria o ideal. Acho que teu argumento perde um pouco da credibilidade ao se utilizar de uma informação-repertório de origens duvidosas, como o achismo e empiricismo puro.

    D2, por outro lado, tá fantástico. A ideia utilizada e a forma como pegou o pensamento de Byong Chu Han e como fluiu para seu argumento foi ótima, parabéns. Tá perfeito e não tem muito o que comentar, penso eu.

    Suas propostas de intervenção foram meio fracas, explicarei porquê penso assim:
    De que serve um auxílio financeiro, se muitas vezes os responsáveis não tem tempo para entrar nos estudos dos filhos? O que garante que esse dinheiro não será desviado para outros custos domésticos? Poderia ser solucionado caso fosse um crédito específico, como é o vale-alimentação (que só compra comida), mas não põe por terra o primeiro argumento que dei. E se o fim desse auxílio é possibilitar a frequência nas palestras que você deixou como ideia, não seria melhor que elas fossem gratuitas e subsidiadas pelo governo OU que incentivos fiscais fossem dados às editoras para que elas os realizassem com entrada franca? Faltou o detalhamento.

    A segunda proposta não tem meio/modo e me parece que tá pouco detalhada também.
    Através de que irão incitar a leitura, por exemplo?

    C1: 200 -> Ótimo domínio gramatical, não notei desvios.
    C2:160 -> Você utilizou um repertório sem muita credibilidade no d1, por isso a perda de pontos aqui.
    C3:[180;200] -> Só tirei pontos por causo do repertório de d1, novamente. O argumento em cima dele foi bom, mas um argumento em cima do que é duvidoso traz problemas. Não tenho certeza se podem te tirar pontos nessa competência por um erro desses, ou se é avaliada apenas a forma como o dado foi utilizado na argumentação, por isso a nota
    C4: 200 -> Ótima execução quantos ao uso de conectivos, bastante variados, aliás.
    Todos os elementos necessários, parabéns.
    C5: 120 -> Creio que as propostas de intervenção tenham sido vagas, além da ausência de um dos 5 elementos (você sabe – agente, ação, meio/modo, detalhamento e finalidade) em ambas, sendo que a segunda pode ter tido a ausência dos dois.

    Num geral, ótima redação. O problema mesmo foi o que disse já, a proposta de intervenção e o repertório de d1.

    Bons estudos!

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  2. Parabéns, redação sem erros de gramática invejável isso. 😀

    A única coisa que tenho pra dizer que achei que ficou um pouco grande, talvez não caberia na folha da redação.

    Na sua Introdução:
    ” e era quem sempre contava histórias para os demais antes de dormir.. ”
    Essa parte achei desnecessária ou pelos foi mal desenvolvida poderia ter falado que a partir do início da leitura por ele a família ficou mais próxima, pois sempre lia para os…

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