A importância da alfabetização para a construção social de um indivíduo

O filme “Doze anos de escravidão” retrata a história de Solomon Northup, um negro livre que foi sequestrado e vendido como escravo, é por meio de uma carta que o personagem comprova sua liberdade. Nesse espectro, leitura e escrita configuram-se como importantes armas linguísticas capazes de solucionarem injustiças. Entretanto, para além da ficção, essas benesses não são usufruídas por todos na hodiernidade e a ausência da alfabetização compromete a formação social do indivíduo. Assim, convém analisar o letramento como instigador da criticidade e como propulsor para a eliminação do ciclo vicioso da pobreza.

Em primeira análise, verifica-se que a escassez de conhecimento potencializa o conformismo diante de situações subumanas. À vista disso, a obra modernista “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, aborda a suscetibilidade do personagem Fabiano ao trabalho exploratório e humilhante imposto por aqueles que detém o saber. Nessa perspectiva, sendo a arte uma representação da realidade, são milhares os fabianos no mundo que aceitam restrições de cidadania pela falta de instruções sobre os direitos individuais. Dessa forma, a alfabetização é imperativa para a criticidade do ser e para promover ações de resistência em prol do cumprimento constitucional.

Ademais, constata-se que dispor de habilidades de leitura e escrita oportuniza a interpretação dos acontecimentos sociais e fomenta a busca por melhorias econômicas. Sob esse viés, segundo o cientista político brasileiro Décio Saes, a classe dominante teme a aquisição educacional em demasia, pelo povo, pelos seus possíveis efeitos politizadores. Dessa maneira, essa concepção demonstra a importância do saber para o posicionamento indagador, contrário às práticas de dominação, capaz de obter ascensão socioeconômica e finalizar o ciclo da miséria.

Depreende-se, portanto, que o letramento é indispensável para a construção social de um indivíduo. Para sua efetivação, cabe ao Ministério da Educação proporcionar programas de alfabetização comunitária, mediante ampliação do número de vagas dos projetos de extensão nas universidades, especialmente para o curso de licenciatura em letras e em pedagogia, haja vista o domínio linguístico inerente à tal área, com o fito de erradicar o analfabetismo no país e maximizar os direitos dos cidadãos. Destarte, ler e escrever solucionarão diversas injustiças, como as de Solomon.