A falta de acesso à cultura na sociedade brasileira

        De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Estado deveria garantir o acesso às fontes de cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e difusão das manifestações culturais. No entanto, o que é produzido em solo nacional é inacessível para uma grande parcela da população. Com efeito, evidencia-se a necessidade de promover melhorias no que tange a questão do acesso à cultura na sociedade brasileira que tem realçado mazelas no âmbito regional, econômico e intelectual, as quais precisam ser superadas.

     Em primeiro plano, deve-se salientar as diferenças das regiões brasileiras no contexto em questão. O geógrafo Milton Santos, por exemplo, destaca o quão são marginalizadas as regiões Norte e Nordeste, bem como as pessoas das áreas rurais que não têm acesso aos museus, cinemas, bibliotecas públicas, e outros, seja por causa da distância ou da inexistência de tais equipamentos que acabam por distanciar cada vez mais os povos e suas culturas. Restringindo o acesso à informação ao que é exibido na televisão.

     Vale ressaltar a influência econômica prisma. Segundo a teoria da “Indústria Cultural” de Theodor Adorno, a arte passou a ser instrumento industrial com finalidade lucrativa. Além disso, o acesso à leitura e ao conhecimento ainda se limitam a uma determinada classe econômica, ocasionando sequelas no desenvolvimento intelectual de uma parte da população. Nesse sentido, apenas as pessoas com mais dinheiro possuem acesso aos equipamentos culturais.

       É necessário, portanto, que o acesso à cultura seja democrático e aberto a toda a população. Cabe ao Estado em conjunto com o Ministério da Cultura, promover um plano nacional que possibilite a inserção desses equipamentos culturais com baixo custo ao público em áreas interioranas, a realização de periódicos eventos culturais e exibições mediados por professores, intelectuais e artistas que possam passar, de forma explícita, o conhecimento artístico e cultural. Assim, haverá não só a democratização do acesso a tal direito, mas também a valorização das múltiplas expressões culturais, fundamentais para estabelecer a aprofundar o diálogo entre os povos.