A evasão escolar no sistema educacional brasileiro

Na série “Rick and Morty”, da Netflix, são retratadas as aventuras vividas por um avô e o seu neto dentro de um universo multidimensional. Ao longo dos episódios, a narrativa revela, num dado momento, que o jovem Morty prefere viajar e se divertir com o avô Rick do que ficar na escola; além do fato de que este último sofre com uma leve depressão, por não enxergar sentido na vida. Fora da ficção, fica claro que a realidade apresentada na série pode ser relacionada àquela da evasão escolar no Brasil: a ausência de um método pedagógico mais lúdico e inspirador para o público infanto-juvenil, assim como os problemas nas relações familiares e domésticas, originam tal fenômeno no sistema educacional tupiniquim.

Primordialmente, é importante destacar que o ensino praticado hodiernamente no país possui um viés altamente mecanicista e pouco atraente para as crianças e adolescentes. Segundo o filósofo francês Michael Foulcalt, em seus estudos sobre o poder na sociedade contemporânea, a educação, na civilização burguesa, funciona apenas como um sistema de controle das massas, para que nada façam mais do que colaborar com a máquina capitalista. Nessa perspectiva, o conhecimento é passado de um modo mecânico, com o objetivo único de adestrar as consciências individuais, o que retira o interesse dos alunos em estarem na escola. Logo, mostra-se patente, na linha de fatores causadores da evasão escolar, as questões pedagógicas.

Outrossim, os conflitos presentes nos lares dos estudantes tornam-se obstáculos para a mitigação da problemática em nível nacional. Fazendo um paralelo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em 1948 pela ONU, infere-se que toda criança ou adolescente tem o direito à educação, à saúde e à segurança de sua dignidade. Sob esse aspecto, é possível observar, no Brasil, uma violação a essa carta na medida que a população de menor faixa etária convive com brigas e discussões no ambiente caseiro. Destarte, é indubitável, como um dos principais agentes do entrave analisado, a hostilidade nas relações sociais primárias.

Portanto, é mister que sejam tomadas providências para amenizar o quadro atual. Para estimular o aprendizado em sala de aula e, com isso, contribuir para a diminuição das taxas de evasão escolar, urge que o Ministério da Educação e da Cultura implemente, por intermédio das secretarias estaduais de educação, cursos avulsos que instruam o corpo docente das escolas com técnicas de ensino mais lúdicas. Não só, é dever do mesmo órgão da União criar, por meio de parcerias com universidades e institutos educacionais, campanhas publicitárias que conscientizem adultos e responsáveis a respeito de suas influências no processo pedagógico dos jovens. Somente assim, será possível preservar os nossos “Morties” nesta dimensão.