A democratização da cultura

No documentário “Anne Frank:Histórias Paralelas”, lançado pela plataforma de streaming Netflix,é retratada a condição dos sobreviventes judeus que através do conhecimento artístico superaram a opressão nazista nos campos de concentração na Segunda Guerra Mundial.Entretanto,tal exemplo no Brasil é raro,visto que a desigualdade social e a falta de consolidação dos meios de comunicação impede a democratização da cultura no país.

Diante desse cenário,é imprescindível analisar,que a disparidade social é comum no território brasileiro. Em 1808,com a chegada da Família Real no estado do Rio de Janeiro,foi concretizado o processo de urbanização nas cidades, o que promoveu o deslocamento dos menos afortunados para as áreas com diminuto poder aquisitivo,promulgando assim,até os dias atuais,a falta de acesso à arte por parte desses indivíduos. Com isso,o escrito e antropólogo Darcy Ribeiro, disse que “o Brasil tem uma perversidade intrínseca na sua herança, o que torna a classe minoritária enferma de descasos “.Sob esse viés,faz-se necessário desenvolver medidas que mitiguem esse entrave.

Outrossim,na Constituição de 1988 no artigo 215,é relatado o direito às manifestações culturais que deve ser comum a todos os homens,contudo,nem sempre o Estado cumpre com essa responsabilidade. Ademais,o termo “cultura erudita” se fixou,contribuindo para a ascensão da conjuntura majoritária sobretudo nas plataformas midiáticas.Por conseguinte, os sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer,formularam a Indústria Cultural,cuja finalidade é destacar o lucro obtido pela homogeinização da arte sem a preocupação de estimular o seu alcance igualitário à população. Entende-se então,que é fundamental a resolução desse problema para que haja a efetivação do direito descrito na Constituição.

Portanto,há propostas que podem solucionar a questão.O Ministério da Cultura -que tem a função de democratizar o acesso à diversas formas de arte- por intermédio do Estado,deve promover o contato artístico para todos os grupos marginalizados através de rodas culturais gratuitas nas comunidades,com a presença de sessões cinematográficas, concertos musicais, peças de teatro,saraus literários  e danças de todos os gêneros, a fim de assegurar a cidadania plena e o desenvolvimento da identidade social dos cidadãos. Somente assim,vidas serão transformadas como no documentário divulgado pela Netflix.