A cultura do você sabe com quem está falando?

Em reportagem exibida pela Globo, no Fantástico, um agente sanitário foi hostilizado por cumprir as medidas contra o novo coronavírus, por um casal no Rio de Janeiro. O fiscal nomeia o homem de ‘’cidadão’’ pedindo calma, e a mulher o interrompe dizendo ‘’cidadão, não, engenheiro civil, formado, melhor do que você’’. A fala é relacionada a uma questão de papéis sociais, que relembra o passado, onde a hierarquia e o individualismo predominavam.

Vale pontuar, que na época de República em 1889, mesmo com a mudança do regime político no Brasil, as pessoas não abandonaram seus costumes e matrizes ideológicas que formavam a sua cultura e cotidiano. Sendo assim, a soberania persistiu por muito mais tempo, pois as pessoas não se colocavam frente a essa subordinação, refletindo até hoje na sociedade. Contudo, apesar da visão da população ter mudado diante dessa submissão e a Constituição Federal de 1988, declarar todos iguais perante a lei, o sentimento de autoridade sobre o outro, muitas vezes não é questionado, um médico,  político ou policial é visto como superior e os não iguais como insignificantes.

Todavia, o sociólogo Zygmunt Bauman, em seu livro ‘’Modernidade Líquida’’ expressava que, o individualismo é uma das principais características, e o maior conflito, da pós modernidade. Diante disso, o egoísmo faz parte da personalidade das pessoas que possuem a necessidade de se submeter como melhores que os próximos e pensar somente em si. Além disso, pode ser analisado como forma de preconceito, a superioridade é empregada no contexto socioeconômico, regional ou no trabalho, onde um engenheiro civil é taxado como melhor que um fiscal sanitário por sua formação, sendo assim, esses comportamento são frutos da moral das pessoas, segundo Bauman.

Portanto, o senso comum é empregado na sociedade, não questionando o motivo do comportamento egocêntrico.  É fundamental que a mídia junto a sua influência, mostre que é um problema e o hábito ainda existe na contemporaneidade, o Ministério da Educação deve implementar, por meio de verbas extras, aulas de ética  nas escolas brasileiras, a fim de reduzir casos como o ocorrido com o inspetor sanitário no centro do Rio de Janeiro.