A crescente crise da mobilidade urbana no Brasil

O documentário “130 km” retrata um marco negativo histórico: o congestionamento de 130 quilômetros em 2014, na cidade de São Paulo. Sob a perspectiva de quatro moradores de periferia, o longa evidencia a crise da mobilidade urbana no país, a qual assola não apenas a cidade paulistana, mas também boa parte das metrópoles brasileiras. Esse cenário caótico deriva, principalmente, da histórica cultura de valorização excessiva do modal particular e da precária infraestrutura dos transportes coletivos. Dessa forma, urge atuação dos entes federativos para mitigar esse problema pátrio.

     Em primeiro lugar, é importante destacar que a deficitária mobilidade das urbes brasileiras teve início a partir da supervalorização dos automóveis nos anos 50, durante o governo JK. Nesse período, as indústrias automobilísticas ganharam notoriedade em território nacional e a posse do carro virou símbolo de prestígio e status social. Desse modo, criou-se uma cultura “carrocêntrica” nas cidades brasileiras, a qual é caracterizada por preterir, no perímetro urbano, espaços destinados às vias alternativas de deslocamento. Isso explica a alta concentração do modal particular em rodovias, culminando, constantemente, em trânsitos caóticos, como o mostrado em “130 km”.

     Ademais, nota-se que essa situação problemática tem aumentado nos últimos anos em função da precariedade do transporte público, o que legitima ainda mais a cultura “carrocêntrica. Apesar de ser uma das formas de se reduzir o número de veículos nas ruas, os modais coletivos, infelizmente, padecem na defasagem de infraestrutura, verificada, por exemplo, na superlotação de ônibus e metrôs e no mal atendimento. Isso faz com que cada vez mais pessoas preconizem veículos particulares, uma vez que nestes encontram comodidade e conforto. Somado a isso, a carência de ciclovias nas cidades intensifica o problema, pois os meios alternativos de deslocamento são limitados, convergindo, assim, no uso do carro.

     Portanto, é necessário a atuação dos entes federais para resolver a crise da mobilidade urbana no país. Inicialmente, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Regional, em parceria com estados e municípios, destinar mais verbas para a valorização dos modais alternativos. Isso pode ser viabilizado por meio da arrecadação de impostos junto às empresas automobilísticas, com o intuito de flexibilizar o tráfego urbano. Essa medida deve ter o foco em melhorar a infraestrutura dos transportes coletivos e no aumento das ciclovias, para desconstruir, dessa forma, a cultura “carrocêntrica” e impedir casos semelhantes ao retratado em “130 km”.

obs: sem correções Ctrl C/ Ctrl V, por obséquio