A carência de psicólogos nas escolas brasileiras

  • 1

O livro “O Ateneu”, obra do autor Raul Pompeia, retrata a excessiva mercantilização discente nos institutos pedagógicos do século XIX, o que, por conseguinte, subvalorizava a saúde mental dos alunos da época. Contudo, mesmo após mais de duzentos anos da publicação da diagênese de Raul Pompeia, é evidente que a desconsideração da integridade física e psicológica do estudante no ensino se manteve, haja vista a problemática da carência de psicólogos no ambiente escolar brasileiro. Dessa maneira, é crucial debater e minorar as raízes socioculturais dessa pária ao direito à educação eficaz e a influência dessa intempérie frente ao recrudescimento da incidência de enfermidades psíquicas. 

Em primeiro plano, o processo de construção do ensino brasileiro, baseado no modelo tecnicista, acarretou, majoritariamente, a ausência de apoio psicológico nas instituições de ensino brasileiras. Sob esse viés, a Ditadura Militar Brasileira, ao adotar métodos pedagógicos disciplinadores ao extremo, como o castigo físico da “tábua”, acentuou o processo de “desumanização” do discente. Então, nota-se que existe uma consciência coletiva que, baseada em valores conservadores, similares aos do período ditatorial, minimiza a ingerência dos profissionais que lidam com a manutenção da saúde mental na arena escolar. Tal premissa avulta a leniência populacional no que se refere à fiscalização da materialização dos direitos estudantis, posto que se perpetua a ideia de que o estudante, em vez de agente da sua formação e de ente com necessidades psicossociais, é uma mera fonte de resultados.  Depreende-se, pois, a necessidade de estipular ações governamentais e midiáticas com vistas a desconstruir juízos que ensejem o reforço da carência de psicólogos nas escolas, perpassando boa parte das heranças históricas deletérias.  

Ademais, o desprovimento de auxílio de psicólogos gera a intensificação da predisposição coletiva ao desenvolvimento de enfermidades mentais. Nessa perspectiva, o sociólogo Paulo Freire discorre que quando a educação é opressora, o sonho do oprimido é se tornar opressor. Logo, deflagra-se que, com o carecimento da presença de amparo de profissionais especializados em atender estudantes e em otimizar a relação da escola com esses indivíduos, se favorece a multiplicação do número de alunos que, em uma conjuntura marcada pela escassez da atuação familiar, pelo “bullying”, pelo “cyberbullying” e pelo uso precoce de drogas, são indivíduos tendentes a uma vida adulta marcada por celeumas, tais quais a ansiedade e a depressão, e por dificuldades na manutenção de relacionamentos. Portanto, é fulcral potencializar o papel do Poder Público, por meio do aumento da presença psicológica no ensino e subsequente diminuição da opressão citada por Paulo Freire, perante a atenuação do número de adultos predispostos a apresentares doenças relacionada à mente.  

Impende, assim, a imprescindibilidade da adoção de alternativas que fomentem a democratização da presença de psicólogos em todos os ambientes escolares brasileiros. Destarte, o Ministério da Educação, em parceria com as mídias, deve, mediante veiculação de ações publicitárias conscientizadoras da relevância do auxílio psíquicos discente, corroborar a proliferação do engajamento comunal para a universalização do acesso ao apoio psicológico estudantil a fim de ultrapassar a consciência geral que desumaniza esses indivíduos, a qual esteve presente em momentos como a Ditadura Militar. Além disso, cabe também o Ministério da Educação, em conjunto com as Secretárias Municipais de Ensino de todas as unidades da Federação, direcionar e alentar programas de auxílio à saúde mental dos estudantes, inspirados no Centro de Valorização da Vida, tanto no ambiente escolar quanto na arena digital, por intermédio de palestras, de rodas de conversa e de cartilhas virtuais, com o objetivo de mitigar a ausência desses profissionais nas instituições que propagam o conhecimento. Dessarte, elaborar-se-ão caminhos para a agigantar a existência de psicólogos em todas as repartições do sistema de ensino do Brasil, reduzindo a permanência de avantajada fração das denúncias feitas por Raul Pompeia em “O Ateneu”. 

Compartilhar

2 Correções

  1. Excelente redação! Tem uma leitura bem fluida e a construção do vocabulário incrível, além de que, seus repertórios encaixaram super bem com o tema e no desenvolver dos argumentos. Você soube separar muito bem seu ponto de vista e os parágrafos não ficaram nem um pouco expositivos, e por fim, sua conclusão teve todos os pontos exigidos finalizando com uma retomada da introdução, como eu gosto muito de fazer, o que fica com um aspecto de ciclo de ideias. Sua nota seria 960 ou mais. Parabéns!!

    • 0
  2. bom dia,laysa! eu gostei muito da sua redação e tive uma leitura bem fluida. seu vocabulário é impecável,não há repetição de palavras,os repertórios são pertinentes,legítimos e muito bem desenvolvidos e sua proposta de intervenção é bem clara. parabéns pelo texto.
    Creio que sua redação alcançaria um 900+ sem dúvidas.

    • 0

Você precisa fazer login para adicionar uma correção.