A banalização das cirurgias plásticas na sociedade contemporânea

De acordo com o filósofo Zygmunt Bauman, a contemporaneidade é palco de relações sociais líquidas e rápidas marcadas pela volatilidade. Desse modo, observa-se que procedimentos estéticos têm sido cada vez mais realizados e a todo momento criam-se novas formas de embelezamento para suprir as necessidades da modernidade, descrita por Bauman. Sob esse viés, percebe-se a banalização das cirurgias plásticas no mundo atual e se faz necessário remediar os fatores que agravam essa problemática, tais como a irracionalidade social e a padronização da beleza nas redes sociais.

Segundo, a filósofa Hannah Arendt, o mal se instala na sociedade a partir do momento em que há o vazio de pensamento causando a trivialização do óbice. Analogamente, observa-se que a irracionalidade social diante dos perigos que os procedimentos estéticos invasivos trazem leva à sua normalização. Como consequência as pessoas não analisam os prós e contras antes de submeter seu corpo a intervenções e as realizam em excesso podendo sofrer com as complicações, não só médicas, como também, muitas vezes, por não gostarem do resultado.

Ademais, os padrões de beleza impostos pelas mídias digitais agem como agravantes na banalização das cirurgias plásticas. Sob essa óptica, sabe-se da influência que as redes sociais tem na mobilização de massas e divulgação de informações na atualidade. Essa situação ocorre de tal forma que os famosos mostram nas redes sociais seu dia a dia, compras e procedimentos estéticos visando através do  seu “antes e depois” e de descontos oferecidos aos “seguidores”, infuí-los a fazer o mesmo. Em decorrência disso, as pessoas ficam deslumbradas por um visual conseguido através de intervenções cirúrgicas e acabam indo atrás dos mesmos resultados.

Portanto, urge que o Governo Federal, orgão responsável por garantir o bem-estar no país, tome providências a fim de conscientizar a população sobre as cirurgias plásticas e mitigar os efeitos da sua banalização. Cabe, então, que realizem campanhas informativas em parceria com os canais de comunicação, que apontem os perigos do excesso de procedimentos estéticos com a participação de pessoas que já vivenciaram consequências. Paralelamente, deve criar projetos, em conjunto com os profissionais de psicologia do Estado, que auxiliem na auto-estima das pessoas que devido aos padrões de beleza impostos, estejam infelizes com suas características físicas. Desse modo, o Brasil estará fugindo do vazio de pensamento exposto por Arendt.