A alimentação na rede pública de ensino

“A educação não muda o mundo. A educação transforma pessoas. Pessoas mudam o mundo”. A frase dita pelo pensador brasileiro Paulo Freire reflete a importância da educação para o desenvolvimento social. Atualmente, mais que atrelada somente à atividade pedagógica, o ensino público essencializa-se, também, quanto à questão da alimentação de seus alunos, sendo um dos principais fatores desse processo citado por Freire. Cabe, portanto, a análise e discussão desse tema a fim de resolver suas problemáticas e expandir sua atuação.
Em primeiro lugar, torna-se preciso elencar a questão sobre desvios de verbas destinadas à merenda feitos por políticos brasileiros. A corrupção do país, segundo Raimundo Faoro, advém de uma fusão entre o ambiente público e o privado; ou seja, o Estado insere-se na esfera privada e retira privilégios desta, impedindo, desse modo, o desenvolvimento da nação. Observa-se, assim, a mesma lógica quanto aos desvios de verbas elencados: retira-se do direito privado do cidadão a fim de favorecer o Estado atual.
Além disso, é preciso compreender essa atividade do ensino público como função corroborativa ao aumento da alimentação saudável no país. O crescimento de índices que registram tanto a obesidade infantil – possibilitada pelo consumismo imanente ao século XXI, como bem explicitado pelos sociólogos frankfurtianos Adorno e Horkheimer – quanto a subnutrição – influenciada pela desigualdade entre as diferentes classes do país, a qual advém, como explicado pelo professor brasileiro Jessé Souza, desde o período colonial – demonstram a necessidade de se desenvolver políticas que abarquem esses dois pontos.
Fica claro, portanto, a importância da alimentação na rede pública de ensino tanto por questões políticas como por econômicas e sociais. Assim, cabe ao Estado, especialmente ao Ministério da Educação e ao da Saúde, incentivar campanhas e projetos que contribuam para esse funcionamento do ensino, atendendo, por meio de acompanhamentos médicos, a demanda alimentícia de cada aluno. Nesse sentido, espera-se a concretização da frase outrora dita por Paulo Freire.