[protected]Nos colégios e em cursos preparatórios para vestibular, o tipo de texto mais comum é a dissertação, isso porque ainda é o mais pedido nas propostas de redação dos vestibulares das universidades brasileiras, tanto públicas quanto privadas. Geralmente, as universidades avaliam nesses textos a capacidade do aluno em expor o seu ponto de vista e embasá-lo com argumentos sobre um determinado assunto, avaliando também o senso crítico do estudante e o seu conhecimento de mundo.
[pwal id=”36658888″ description=”Para estudar o resto da aula, compartilhe com seus amigos usando o botão abaixo! A liberação é na hora.”]O texto dissertativo está presente, predominantemente, no contexto escolar, e, por isso, é conhecido como um gênero escolar. Os textos dissertativos apresentam caráter argumentativo. Fora do ambiente escolar, podemos ver textos como os editoriais e os artigos de opinião que também são argumentativos, porém apresentam uma função no meio social e fora da escola.
Ao produzir um texto dissertativo, o aluno deve, essencialmente, analisar e explicar os aspectos de uma questão de forma [tooltip text=”Na dissertação, o autor deve apresentar a sua opinião de forma mais abrangente, uma argumentação racional, válida para todos e sem marcas que mostrem que o ponto de vista é apenas dele.”] não subjetiva [/tooltip], seja essa questão relacionada a assuntos sociais (como as propostas do ENEM) ou a assuntos de ordem filosófica (como algumas propostas da FUVEST). O texto dissertativo, portanto, tem como finalidade expor de forma argumentativa o ponto de vista do autor sobre uma determinada questão. Essa também é a finalidade de gêneros como o editorial e o artigo de opinião, porém este apresenta a visão de um articulista e aquele o ponto de vista do jornal sobre um determinado assunto.
A respeito da linguagem, os textos dissertativos apresentam uma forma de escrita que apresenta um caráter lógico racional, por isso evita-se usar a 1ª pessoa do singular, retirando a pessoalidade do texto, tornando-o mais objetivo. As dissertações são escritas na variedade do português escrito culto.
A estrutura da dissertação
Em relação à estrutura de um texto dissertativo, esqueça os mitos e vícios. Esqueça as famosas “receitinhas”, as fórmulas mágicas.
Uma boa dissertação nem sempre apresenta apenas quatro parágrafos, nos quais o primeiro diz respeito à introdução, o segundo e o terceiro ao desenvolvimento argumentativo e o quarto à conclusão. Nem sempre é necessário apresentar uma solução para o problema na conclusão. Há problemas que são impossíveis de se resolver definitivamente. Muitas vezes somente será possível apontar uma possibilidade ou o início de um caminho que leva a uma solução no futuro.
A dissertação, geralmente, apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. Agora, a quantidade de parágrafos e o tipo de conclusão não são fixos, variam em relação à proposta e ao projeto de texto.
[box]Atente-se ao projeto de texto e pense no percurso argumentativo do seu texto para estruturá-lo.[/box]
Para você ver melhor a estruturação de uma dissertação, segue abaixo uma redação da FUVEST (USP) considerada acima da média. Se você preferir, clique aqui e veja a proposta que deu origem a essa redação.
[quote]A amizade dissolvida no tempo
O conceito de amizade revela uma concepção sobre as formas de relações interpessoais. Assim, ele está sujeito a variações ao longo do tempo, em diferentes espaços e sob diferentes circunstâncias. No atual contexto, vive-se uma tendência à crescente urbanização, acompanhada pela relativa impessoalidade no tratamento e por um maior distanciamento entre os indivíduos. Além disso, o individualismo apresenta-se como uma barreira às plenas relações de amizade. Dessa forma, apesar de avanços tecnológicos que permitem maior comunicação entre as pessoas, a amizade encontra crescentes obstáculos ao seu desenvolvimento na sociedade atual.
Com advento da industrialização e da urbanização, o crescimento excessivo das populações urbanas termina por modificar as relações interpessoais. Os indivíduos seriam submetidos a uma rotina dinâmica, em que os contatos são rápidos e superficiais. Por isso, dificulta-se que ocorra uma relação de confiança-elemento fundamental à amizade entre as pessoas. É comum que um habitante de cidades grandes conheça uma vasta gama de pessoas, mas que como a maioria se relacione superficialmente, em contraposição às cidades pequenas atuais, ou às dos tempos remotos, em que as relações humanas se apresentam mais sólidas. Tal fato é uma das razões para que o conceito de amizade íntima e sem barreiras, descrito por Cícero, poeta da Antiguidade, seja cada vez mais raro na sociedade atual. Ainda que se reconheça o valor e os benefícios de uma amizade verdadeira, e disponham de meios tecnológicos de comunicação capazes de aproximar as pessoas, os habitantes de grandes cidades, em sua maioria, se relacionam de forma distante e superficial.
Além disso, o pleno desenvolvimento das amizades é obstruído pela disseminação do individualismo entre as pessoas, fruto do advento do capitalismo e da busca constante pela realização dos próprios objetivos. Um dos valores que devem estar presentes em uma verdadeira amizade é a fraternidade e a disposição para se ajudar ao próximo. Porém, guiados pela lógica capitalista, muitos indivíduos atendem a seus próprios interesses, de forma egoísta, sobrepõem seus mesquinhos objetivos aos de todos os demais. Assim, quando solicitados, não se mostram dispostos a auxiliar nem sequer os chamados amigos. Juntamente movidos pelo egoísmo, outros estabelecem falsos laços de amizade, visando exclusivamente às vantagens e benefícios materiais advindos de tais amizades movidas pelo interesse. Todavia, tais relações não são exclusivas dos tempos atuais: pensadores como Montagne alertavam já que eram mais comuns as relações superficiais oferecidas do que as amizades verdadeiras.
Portanto, ainda que atualmente se ofereçam meios de comunicação eficientes para aproximar as pessoas, e ainda que a sociedade reconheça o valor da amizade – como se mostra em pessoas e canções – tais relações são cada vez mais escassas. A sociedade atual, dinâmica e capitalista, privilegia o individualismo e as relações superficiais em detrimento da verdadeira amizade.
Retirada de http://www.fuvest.br/vest2007/bestred/504157.stm
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A introdução desta redação apresenta o assunto a ser discutido e há a antecipação da conclusão, o que, neste caso, configura-se como a tese a ser defendida ao longo do texto: “Dessa forma, apesar de avanços tecnológicos que permitem maior comunicação entre as pessoas, a amizade encontra crescentes obstáculos ao seu desenvolvimento na sociedade atual”.
O desenvolvimento argumentativo é vinculado à introdução. O autor da dissertação apresenta argumentos para mostrar quais são os obstáculos da amizade na sociedade atual, apesar dos avanços tecnológicos permitirem uma maior comunicação entre as pessoas. Ele apresenta como argumento principal o individualismo dos sujeitos, fruto do capitalismo.
A conclusão nada mais é do que o encerramento do percurso argumentativo. Ela vem como uma consequência dos argumentos, concluindo o ponto de vista do autor e não como algo inesperado e novo.
Portanto, observando a redação acima, você pode ver que o fundamental para uma boa dissertação é a relação entre todas as partes do texto e um bom projeto de texto!
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