Olá, vestibulando!
Hoje vamos entender melhor o tema de redação do ENEM 2015, que trouxe muita discussão e opiniões divergentes a respeito da temática escolhida. No mesmo dia da prova, publicamos uma nota sobre a proposta, mas agora vamos nos aprofundar mais, afinal, quais eram os objetivos a serem atingidos com essa proposta de redação? E o que era esperado do texto dos candidatos?
Como o próprio tema nos diz, “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, era necessário apontar o cenário de violência contra a mulher, no Brasil, como algo recorrente (persistente) e que precisa ser mudado. O foco não era abordar a violência no mundo, apesar de a estratégia de inserir comparações com outros países poder acrescentar dados importantes à discussão. Porém, o essencial era apontar a sociedade brasileira como alvo.
Este tema é pautado em uma questão social bastante presente no dia a dia das pessoas, nos acontecimentos de nosso bairro, nas conversas com os amigos e também na mídia. É muito comum ouvirmos falar em casos de violência contra a mulher, ou mesmo vivenciá-los de alguma forma. Por isso, é interessante escolher com cuidado os argumentos a serem utilizados na redação, para não corrermos o risco de permanecer no senso comum, dizendo apenas que isso é um problema e que os responsáveis devem ser punidos. É igualmente importante escolher bem o vocabulário e o tom de nosso texto, para que alguns apontamentos não firam os direitos humanos. Mais rigor no cumprimento das leis poderia aparecer como uma proposta de intervenção, mas sem que a maneira com que propomos isso passe a impressão de “justiça a qualquer preço” ou “vingança”.
Voltando ao tema, não se trata aqui de falar que o assunto é novo, uma vez que os textos da coletânea trazem dados que abrangem quase dez anos de lei Maria da Penha. Mas vocês podem, então, questionar: se o assunto não é recente, por que abordá-lo? A discussão sobre os direitos da mulher e sobre a violência contra ela é bastante antiga, bem como a necessidade de se criar a lei Maria da Penha, em 2006. No entanto, como podemos observar a partir dos dados do texto I e do texto IV, por exemplo, os números relacionados a essa violência têm aumentado, quando o mais natural seria que diminuíssem. Além disso, a lei do feminicídio, de 2015, aparece na coletânea, no texto III. Um candidato atento ao que acontece no mundo teria embasamento para usar essa lei recente, a fim de mostrar como realmente o problema se agravou com o passar dos anos, sendo necessária nova intervenção forense. Sendo assim, mostrar que o quadro é preocupante e que outras medidas, além de criação de leis (pois estas já existem), devem ser tomadas, era o posicionamento mais condizente com o contexto do tema.
Para mostrar esse problema, os textos II e IV poderiam ajudar, pois trazem um panorama da violência contra a mulher e de que forma ela se manifesta. Com a leitura atenta desses textos, o candidato observaria que violência não é apenas física, o que ampliaria as possibilidades de argumentação. Além disso, quando se pensa em Brasil, questões como o machismo e o sexismo, muito presentes em nossa cultura, poderiam ser levantadas.
Diante dessas informações, ainda nos resta pensar em propostas de intervenção. Vale lembrar que leis já existem com a finalidade de punir os agressores. Então, poderia caber ao candidato propor um rigor maior na aplicação delas, uma mudança de mentalidade e de atitude das pessoas, inclusive como sugere o texto IV ao apontar o disque denúncia 180. Trabalhar questões educacionais, ou mesmo projetos de entidades não governamentais que pudessem refletir sobre isso e ampliar o espaço das mulheres na sociedade, também poderiam ser sugeridos. Contudo, o mais importante é sempre detalhar essas propostas, mostrando domínio do assunto abordado, e relacioná-las à argumentação de sua redação, que já problematizou o tema e que, agora, tenta ajudar a solucioná-lo.
Por fim, é importante lembrar que mostrar domínio do assunto, relacionando-o com conhecimentos próprios de mundo, enriquece muito a redação. Como pudemos observar, ler com atenção a coletânea é fundamental, mas não basta permanecer nela, é preciso ir além. É isso que transforma a redação em um texto verdadeiramente autoral.
Então, mãos à obra! Que tal praticar esse tema?
Até a próxima!
Profª Aline
Alex Rocha
Ótimas dicas, apesar de já ser um tema abordado e não posso mais utilizá-las nesse assunto, vai me ajudar e muito nos demais que farei. Obrigado professora!