Comentamos "O Espelho", de Machado de Assis

16 fev 2017 | Blog, Literatura, Unicamp | 1 Comentário

Olá, vestibulando
Como estão as leituras para o vestibular? Hoje vamos falar um pouco de mais um título presente na lista da UNICAMP, que é bastante interessante e também complexo. Trata-se do conto “O Espelho”, de Machado de Assis. Falar sobre este autor brasileiro é sempre uma grande responsabilidade, visto que se trata de um dos mais importantes e reconhecidos da nossa literatura. Este conto em especial, de 1882, foi inserido no livro Papéis Avulsos, e trata da alma humana, como o subtítulo do conto sugere: “esboço de uma nova teoria da alma humana”.
 
Quill With Ink_000000_50Nele, Jacobina, personagem principal, reunido com alguns colegas, narra acontecimentos vividos por ele quando passara dias na casa de tia Marcolina e, a partir disso, tece sua teoria a respeito da alma humana. O leitor deste conto toma contato com um ponto de vista bastante interessante, o de que os seres humanos possuem duas almas: uma interna (aquela que olha de dentro para fora, considerando tudo o que aprendemos a ser ao longo da vida) e outra externa (a que olha de fora para dentro, que pode mudar ao longo da vida, podendo estar ligada a objetos preferidos, à profissão exercida, entre outros). Esta é uma visão que mostra o homem como ser duplo, que é de uma maneira, mas pode mostrar-se de outra, colocando o “espelho” como metáfora dessa alma bipartida. Ao longo da narrativa, Jacobina perceberá que sua alma externa, a de alferes, é mais incisiva do que imaginara.
 
Link_000000_50Com relação à leitura, a linguagem não traz tantas dificuldades ao leitor; porém, a intertextualidade, recurso tão presente nas obras machadianas, é um dos principais desafios para que se compreenda o conto em sua plenitude. Há várias referências bíblicas, filosóficas e literárias que precisam ser entendidas para que sua inserção nesta narrativa faça sentido ao leitor. Um exemplo disso é o trecho citado “Soeur Anne, soeur Anne, ne vois-tu rien venir?” (Irmã Ana, irmã Ana, você não virá nunca?). Trata-se de uma expressão que reforça a espera incessante de Jacobina, sozinho na casa da tia, tendo apenas a companhia do som marcante do relógio e também do grande espelho em seu quarto. Esta fala em francês é um trecho de O Barba-Azul, de Charles Parrault, em que a esposa de Barba Azul, não conseguindo conter sua curiosidade, abre uma porta da casa que lhe era proibida de entrar, segundo ordens do marido. Após descobrir que ali estavam as antigas esposas de Barba Azul, por ele assassinadas, a esposa espera ansiosa a chegada dos irmãos, para que a salvem do triste destino que a espera, e chama por sua irmã Ana, para que venha em seu socorro. Assim também a alma de Jacobina clama por alguém que venha tirá-la de sua angústia, a qual somente é amenizada quando o personagem cede à alma externa e, diariamente, veste sua farda de alferes e se admira diante do espelho.
 
E você vestibulando, o que está esperando para ler este conto agora mesmo? São poucas páginas que o deixarão mais próximo da profundidade da literatura machadiana.
 
Boa leitura e até a próxima!
Profª Aline
 

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1 Comentário

  1. Leticia Oliveira

    Achei muito interessante,parece ser ótimo, vou procurar saber mais.

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