A leitura e formação do cidadão.

A leitura possui um poder enorme no desenvolvimento do cidadão crítico. Tal afirmativa já era compreendida pelo ilustre poeta Waly Salomão que, outrora, como Secretário Nacional do Livro, defendia a inclusão de obras em cestas básicas, com a intenção de democratizar esse processo. Nesse sentido, o acesso do supracitado tem essa capacidade, pois tanto é um espelho da sociedade, quanto o processo de leitura é responsável por gerar questionamentos. Desse modo, projetos, como o do autor tratado, devem ser incentivados.

A princípio, é valido salientar o quanto a literatura expressa não só elementos bons da sociedade, mas também seus problemas. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do crítico literário Afrânio Peixoto, o qual compara essa área a um sorriso do corpo social, ou seja, as expressões faciais mostram aqui que o sujeito pensa, dessa forma, caso haja disfunções, elas serão expostas. Nessa perspectiva, a leitura tem influência na formação do sujeito crítico, porque é um aparato de manifestações de mazelas, muitas vezes, invisíveis para certos grupos sociais, como, por exemplo, os movimentos realistas e naturalistas, os quais tornavam pública inúmeras opiniões indagadores a respeito do povo brasileiro. Logo, o acesso à livros tem relevância sobre a formação do sujeito analítico por ser um ambiente de questionamentos da realidade.

Além disso, a pessoa, geralmente, participa de maneira ativa daquilo que está lendo. À vista disso, é relevante trazer o pensamento dos gregos antigos para explicitar esse argumento, uma vez que, para eles, o processo de leitura gerava prazer no ser humano por proporcionar o sentimento de “mímese”, isto é, o indivíduo sente-se como os personagens, dado que o inconsciente imita aquilo que lê. Do mesmo modo, as emoções de indignação, expostas por vários escritores, sobre a realidade, possibilita a formação de cidadãos críticos, já que, por causa do processo mencionado, o leitor sentirá algo parecido à ira descrita pelo autor. Nessa lógica, a leitura contribuí com a constituição de humanos indagadores, por gerar emoções, as quais, talvez, naturalmente não seriam sentidas com tanta facilidade.

Em síntese, o processo de ler um livro possibilita a composição de um sujeito questionador, não só por ser um ambiente que  apresenta problemas brasileiros, como também pelo procedimento da mímese. Em vista disso, o Ministério da Educação e as respectivas pastas ministeriais devem desenvolver o projeto defendido pelo Waly Salomão e acrescentar livros em cestas básicas. Ademais, os mesmo devem criar projetos de leitura nas escolas, por intermédio da elaboração de metas que respeitem a faixa etária e presenteiem aqueles as cumprir. Sendo assim, ao desenvolver uma lista de obras que deveriam ser lida para cada série escolar, as crianças e os adolescentes seriam incentivados a ter a prática da leitura e, com isso, os benefícios de tornar-se cidadãos críticos.