APROPRIAÇÃO CULTURAL NO CONTEXTO BRASILEIRO.

O famoso caso de thauane Cordeiro, que em meio a um tratamento de quimioterapia, foi abordada por um grupo de mulheres negras, na estação de trem, alegando que ela não deveria estar usando o turbante por ser branca, trouxe á tona todo o discurso sobre apropriação cultural. Esse recente caso mostra a total revolta da população sobre o assunto que veio de maneira mal interpretada, mostrando o tema de forma agressiva e destoante da realidade. Ainda que, a apropriação cultural não tem o individuo como foco, mas sim a sociedade, e a industria que em casos faz dessas culturas mercadorias de significados vazios.

Em primeiro lugar, é necessário esclarecer o objetivo do debate sobre apropriação cultural, contextualizando de forma histórica o processo em que os escravos passaram e como isso se reflete hoje. No período colonial o processo de aculturação e aniquilação de costumes pelos quais os escravos passavam os transformavam em recipientes vazios, ideais para trabalho. Isso, hoje em dia, se reflete de forma deprimente com o total desconecto que os elementos africanos tem com seus indivíduos, ademais podemos citar a frase de Juliana Ribeiro, cantora e historiadora brasileira, que diz “O grande perigo da apropriação cultural se da quando alguém de fora passa a falar em nome do lado de dentro”. Sob tal ótica, é claro como há importância no conectivo do indivíduo com seus elementos. Dessa forma, o objetivo principal do debate é a retoma dos significados e valores desses elementos e seus indivíduos.

Segundo, a forma como a industria capitalista colonial atual retira todo o significado desses objetos afim de lucrar. No livro “Apropriação cultural” de Rodney William fala exatamente sobre isso e como a população desconhece de forma radical o valor e significado desses objetos. Assim, a industria comercializa e enriquece com elementos de culturas dominadas.

Por isso, é necessário a criação de campanhas de conscientização do governo em meios midiáticos e digitais afim de que possa haver a conscientização da população sobre os reais valores sócias, culturais e simbólicos dos elementos esvaziados pela industria e sociedade e a valorização desses indivíduos que fazem parte dessa cultura, com autenticidade e sem discriminação, trazendo representatividade.