Desafio da modalidade de ensino EJA: Educação de jovens e adultos.

Historicamente, com a criação do Liceu de ensino na Grécia Antiga por Aristóteles, houve o primeiro registro de difusão de conhecimentos em escala institucional, aliando-se ao nascente conceito de democracia ateniense. Entretanto, no cenário hodierno, é nítida a inversão do contexto de ensino democrático, uma vez que muitos adultos ainda apresentam bloqueios intrínsecos à alfabetização, ligados diretamente a atual conjuntura social. Tais obstáculos são evidenciados tanto pelo desamparo governamental com os cidadãos e instituições de ensino, quanto pela necessidade dos inconcludentes de garantir renda para suas famílias, inviabilizando o processo de ensino-aprendizagem. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim do pleno funcionamento da sociedade.

Mormente, é fulcral avaliar como a falta de interesse governamental está inerentemente ligada as dificuldades do ensino de jovens e adultos. Nesse contexto, segundo o pensamento do filósofo contratualista John Locke; o Estado é responsável por garantir os direitos inalienáveis dos cidadãos, como a educação. Partindo desse pressuposto, é visível a omissão dos setores governamentais, no que concerne a garantia ao acesso de adultos às escolas, já que grande parte dos colégios são destinados às crianças e adolescentes da modalidade regular, oferecendo assim, poucas vagas para inconcludentes, além da precariedade do serviço educacional oferecido aos mesmos.

Outrossim, é valido ressaltar a carência financeira das famílias brasileiras como fomentadora do problema. Isso se confirma com a necessidade da evasão
escolas enquanto jovem, para sanar problemas financeiros através do trabalho, que em sua grande parte é informal e precário, uma vez que as vagas de
empregos mais atrativas são destinadas às pessoas com alto grau de escolaridade. Tal cenário vai de encontro ao ECA – Estatuto da criança e do adolescente, que proíbe a inserção do trabalho infantil no mercado, além de prover o direito a plena formação socioeducacional das crianças.

Portanto, é mister que o Estado tome providências a fim de atenuar as dificuldades no ensino de jovens e adultos. Para a conscientização da sociedade brasileira a respeito do problema, urge que as esferas governamentais criem vagas em universidades e em postos de trabalho, especialmente dedicadas aos concludentes da modalidade EJA – Educação para jovens e adultos, através da promoção de cotas obrigatórias em todos os setores, com o intuito de garantir o retorno de evasores às escolas, além de inseri-los dignamente no mercado de trabalho. Dessa maneira, será possível combater o atual quadro deletério e, ademais, dissolver as barreiras estabelecidas pela inversão dos valores democráticos aristotélicos.