Redação enem 2023

João Grilo, um dos protagonistas de “O Auto da Compadecida”, personagem astuto, esperto e bem-humorado de Ariano Suassuna, critica as imperfeições da vida, suas situações desfavoráveis e desigualdades ao afirmar que “A vida é um punhado de injustiças misturadas com uma porçãozinha de desesperança”. Essa visão revela-se acertada ao observar os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil. Assim, nota-se um paradigma de contornos específicos tanto pelo silenciamento midiático quanto pela desinformação.
Diante desse cenário, a escassez de diligências ofertada pelos veículos midiáticos ao cenário hodierno encontra-se como um forte alicerce na estagnação social. Análogo a isso, o escritor Paulo Henrique Amorim afirma, no livro “O Quarto Poder”, que os veículos de comunicação brasileiros priorizam o sensacionalismo, por ser um conteúdo potencializador da audiência e, assim, rentável. Não obstante, esse modo de produção cultural é maléfica a nação, uma vez que provoca dispersão ao povo e, temáticas relevantes como os desafios para o enfrentando da invisibilidade do trabalho de cuidado pelas mulheres no Brasil são silenciados no cotidiano da população. Assim, é cristalino que tal entrave promove precariedade.
Outrossim, a escassez de informações acerca da problemática corrobora a fixação do imbróglio. Análogo a isso, a filósofa Hannah Arendt afirma, em “A Banalidade do Mal”, que o pior mal é aquele visto como algo corriqueiro, ou seja, a parcela social mais afetada pelo óbice, necessita do auxílio de informações, sendo que, infelizmente, há pouco diálogo nos âmbitos escolares e midiáticos, o que corrobora a marginalização e exclusão de mulheres da nação verde-amarela que dedicam suas vidas ao trabalho de cuidado. Dessa forma, quando não há disseminação de informação sobre algo que afeta inúmeras pessoas, não há autoconhecimento e, consequentemente, mobilização de amparo à resolução do óbice.
Portanto, urge a necessidade de diligências para reverter o quadro, o que gera prejuízos para a sociedade. Para tanto, o Ministério das Comunicações, em parceria com as redes de televisão, a exemplo da Rede Globo, deve promover campanhas sazonais, por intermédio do impulsionamento das próprias emissoras, com o fito de estagnar a problemática. Paralelo a isso, o Ministério de Educação e Cultura (MEC), deve promover palestras em centros culturais, com o objetivo de difundir informações acerca do óbice. Assim, a realidade da nação verde-amarela destoará do proferido por João Grilo.