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A importância do incentivo à cultura popular para a identidade de um povo (estilo UNESP – prop. de intervenção não obrigatória)

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No livro “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo, é retratado o cotidiano dos moradores de uma residência popular no Rio de Janeiro, com ênfase em seus diversos costumes, entre eles, as rodas de música de madrugada. Em uma dessas confraternizações, os personagens Porfírio e Firmo, um português e o outro brasileiro, disputam, por meio de uma luta, o amor da sedutora Rita Baiana. Contudo, o choro carioca atinge diretamente o europeu, que, envolvido pelo som dos instrumentos de corda, recua do conflito. Comum à obra naturalista, a cultura popular se faz muito presente na realidade dos cidadãos, funcionando como força motriz à preservação da identidade do povo brasileiro. Todavia, em virtude da falta de investimento e do “Complexo de Vira-Lata”, essa matriz não é incentivada.

Segundo a Declaração Universal de Diretos Humanos, é garantida a proteção às diferentes manifestações culturais e suas multiplicidades, visando primordialmente a sua conservação. Entretanto, apesar do que é afirmado no documento da Organização das Nações Unidas, promulgado em 1948, diversos costumes populares, tais como as festas juninas locais, a literatura de cordel e o artesanato regional, não se beneficiam de incentivos fiscais consideráveis a sua realização. Com isso, em função da incúria estatal, dificulta-se a preservação da cultura popular, mecanismo essencial à composição da identidade nacional.

Outrossim, a subvalorização das matrizes culturais brasileiras também interfere na problemática. Nesse contexto, faz-se necessário referenciar o dramaturgo Nelson Rodrigues, que afirma haver entre os cidadãos do país a propagação do chamado “Complexo de Vira-Lata”, conceito que trata da propensão dos brasileiros a vangloriar os diversos hábitos e costumes de outros povos, superestimando-os enquanto despreza a própria identidade. Destarte, devido ao fenômeno discutido pelo escritor brasileiro e amplamente verificado na sociedade nacional, a cultura brasileira é negligenciada pelo seu povo, interferindo na sua construção identitária.

Portanto, o incentivo à cultura popular é mister, à medida que esta constitui um retrato imaterial das origens e da complexidade de uma sociedade. Com a realização de festas tradicionais, a produção de canções, de livros e de adereços, tem-se a verdadeira manifestação da identidade cultural brasileira. Sendo assim, nota-se a importância do papel estatal e popular na preservação dessas matrizes culturais, seja através do setor financeiro, subsidiando as confraternizações e a confecção de produtos, seja a partir da conscientização, valorizando a própria cultura. Desse modo, preza-se pela conservação não somente dos costumes de um povo, mas dele próprio.

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1 Correção

  1. Muito bem escrita, detalhada, apresentou o desenvolvimento de cada parágrafo.

    Usou um repertório sociocultural bem extenso, com dados fundamentados e coerentes com o tema do texto.

    Um texto fluído e extenso da maneira correta, não é cansativo e a leitura se torna interessante e compreensiva.

    NOTA: 1000

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