O dilema da Doação de órgãos no Brasil

  O ilustre poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade, em seu poema “No meio do caminho”, retrata, de modo figurado, os obstáculos que o ser humano encontra ao longo de sua vida. De maneira análoga à obra de Drummond, pode-se associar tais obstáculos ao dilema da doação de órgão no Brasil, presente na sociedade hodierna. Assim, é crucial analisar o egoísmo e a exígua consciência do tecido civil que fomenta o revés. 

 Mormente, é profícuo destacar que a individualidade dos cidadãos atua como peça-chave do empecilho. Nesse viés, o sociólogo francês, Émile Durkheim, defendia que o egoísmo dos indivíduos é em grande parte produto da sociedade. Paralelo ao pensamento do Durkheim, a doação de órgãos na nação-verde-amarela, encontra barreiras para serem sanadas haja vista que a população possui um pensamento individualista, o que, configura para que menos pessoas se informem sobre a contribuição de doarem seus órgãos, consequentemente, os sujeitos que necessitam dessa ajuda, irão ter suas enfermidades agravadas. Logo, é mister que ações diligentes sejam capazes de atenuar o problema. 

  Outrossim, a omissão de conhecimento sobre doação de órgãos tem estreita relação para a persistência do imbróglio. Desse modo, o filósofo e economista britânico, Adam Smith, apoiava que ajudar o próximo é uma fraqueza que prejudica o corpo social. De maneira controversa ao que Smith concordava, ajudar o outro é uma forma de altruísmo, entretanto, a população ao não buscar conhecimento sobre a importância de doar órgãos, elas estão agindo como o filósofo supracitado. Tal questão corrobora para que menos pessoas busquem conhecimento sobre a doação de órgãos. Destarte, enquanto esse cenário permanecer vigente, difícil será a resolução do óbice. 

  Infere-se, portanto, que medidas precisam ser postas em vigor para mitigar o impasse. Urge, então, que o Ministério da Saúde – órgão responsável pela proteção e recuperação da população -, crie por meio de verbas governamentais, campanhas de conscientização, sobre a relevância da doação de órgãos, e como essa ação pode ajudar aqueles que precisam desse amparo para sua sobrevivência. Ademais, o Ministério da Saúde em parceria com emissoras midiáticas, deve transmitir essa campanha em horário nobre. Somente assim, haverá um país conscientizado e o pensamento de Adam Smith poderá ser refutado.