Preconceitos explicitos em provérbios populares

Hegeniamente, diríamos que a verdade do opressor reside na consciência do oprimido. Seguindo esse raciocínio, quando nosso papel social não é ser o oprimido, não é possível mensurar as consequências claras e o reflexo que uma vida toda de opressão pelo sistema, exposta nas entrelinhas do provérbio “Água mole, em pedra dura, tanto bate, até que fura”, pode causar.

No hodierno cenário social, ainda seguimos o plano de divisão de clases, o qual tem, efetivamente, se provado ser injusto. Nele, ainda se tem a percepção de que as classes oprimidas precisam ascender, mudar, buscar alternativas para amenizar a realidade em que vivem, sem receber apoio algum de seus líderes hegemônicos, quase configurando uma luta de classes, ideia defendida por Karl Marx, séculos atrás. Fato esse que nos faz ter a ideia de que vivemos em uma sociedade estática, indo essa, também, contra os princípios de uma sociedade líquida, defendida por Balman.

Immanuel Kant diz que: O princípio da ética é agir de forma com que essa ação possa ser universal. Ao relacionar o dito popular e o princípio Kantiniano, teríamos uma dicotomia clara. Quando o argumento que defende a utilização de opressão “tanto bate, até que fura”, é usado para sugerir que essa, a partir de um ponto limite, seria a solução para os cenários brasileiros atuais, teríamos um cenário nacional de completo caos, muito longe da ideia de utopia.

Em suma, é reconhecível a importância da análise e conhecimento sobre tudo o que se foi banalizado socialmente ao longo dos anos, como um exemplo disso, a utilização de provérbios com interpretações variadas e ambíguas, que sujerem, em suas entrelinhas, ideias que, podem até mesmo, ir contra nossos conceitos morais. A importância do estudo filosófico, principalmente nas escolas, se faz presente mais uma vez, pois se a mesma estivesse, seria evidente o entendimento social de que, não só porque uma coisa é ética, ela é, necessáriamente, moral.