Um povo que nunca lê será um povo escravo.” Essa afirmação do escritor português António Lobo Antunes pode ser facilmente aplicada no debate sobre a legalização do ensino doméstico no Brasil. Ela se deve à ascensão de governos populistas e conservadores, que induzem a formação de uma sociedade polarizada politicamente, a qual crê na existência de escolas arbitrárias quanto ao ensino e, portanto, privam os filhos de acessarem-nas, o que conserva preconceitos.
Em primeiro lugar, evidencia-se que a crença ideológica de forma radical gera tanto alienação política, quanto a vilanização de qualquer forma de oposição. Nessa perspectiva, lideranças políticas passam a ser veneradas e pronunciamentos contra a escola, por exemplo, fazem com que, infelizmente, os responsáveis por crianças e adolescentes no Brasil anseiem pela aprovação do ensino doméstico. Por se tratar de um processo maléfico que poderá impactar na formação de atuantes críticos, o mesmo deve ser combatido.
Ademais, é necessário abordar a consequência terrível de impedir o acesso às escolas: a manutenção de preconceitos. O indivíduo que aprende em casa é privado do compartilhamento de experiências de vida e convivência com diferenças sociais, e, dessa forma, está lamentavelmente submetido ao consumo e perpetuação de visões discriminatórias. Isso ocorre, porque essas são estruturais e, caso não sejam refutadas, um ensino domiciliar pode significar a conservação do mundo no qual “é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”, como disse Albert Einstein.
Depreende-se, portanto, que o ensino doméstico pode ser nocivo sob má gestão. Por isso, é necessário que o Ministério de Educação, em parceria com os conselhos pedagógicos brasileiros, por meio de projetos políticos, crie o aplicativo “Educação Justa para Todos”, plataforma que disponibilizaria avaliações que deveriam ser respondidas e entregues pelos alunos. Essas abordariam, sob a perspectiva da Base Nacional Comum Curricular, temas sociais, a fim do impedimento da conservação do preconceito motivado por radicalismos políticos na população brasileira. Assim, existirá um povo que lê e não é escravo.
Analuizafranco
Boa tarde. Em linhas gerais sua redação ficou boa, mas senti a falta de um argumento no segundo parágrafo, que ficou muito no seu “achismo”. Aliás, é importante ressaltar que você não deveria ter colocado uma vírgula em “…gera tanto alienação política, quanto a vilanização de qualquer forma de oposição”, assim como a forma adequada seria “tanta”, o que imagino ter sido um erro de digitação. A proposta de intervenção engloba os cinco pontos pedidos e você retomou a citação apresentada no início, o que torna seu texto bem “redondinho”. No geral, seu texto ficou bom. Parabéns e espero ter ajudado. Sucesso!