Leitura: o hábito que se esvai no Brasil

A Primeira Revolução Industrial foi marcada por extensas jornadas de trabalho e a classe trabalhadora passava a maior parte do dia fora de suas residências. Na contemporaneidade, o proletariado ainda passa maior parte do dia ausente em suas casas o que dificulta o incentivo à leitura de seus filhos e, ao passo que, por receber baixa remuneração também tem dificuldade de acesso à compra de livros, revistas, quadrinhos e semelhantes. De tal forma que o hábito de leitura entre os jovens está diminuindo.

Em primeira análise, sabe-se que a partir da criação das leis trabalhistas do Brasil têm-se uma jornada regulamentada de até 8 horas diárias e até 44 horas semanais. Tendo em vista essas leis, percebe-se que o trabalhador dedica mais tempo a sua carreira laboral que sua vida familiar e isso influencia diretamente no resultado da última pesquisa realizada pelo IBOPE, na qual crianças de 5 a 10 anos tiveram uma diminuição de 22% no seu índice de leitura comparado a mesma faixa etária 4 anos antes. Demonstrando que ao longo dos anos as horas trabalhadas impactam diretamente o hábito de leitura das gerações mais novas através do cansaço do proletário e seu tempo reduzido para dedicar ao incentivo e momentos de leitura com seus filhos.

Em segunda análise, o preço médio de livros no Brasil, segundo pesquisa Datafolha, é de trinta reais. Para um trabalhador assalariado tal quantia representa, em dinheiro, um dia de trabalho. Ou seja, para ter acesso a um livro é necessário trabalhar por oito horas. Por outro lado, o preço médio de livros na Europa é cerca de 50% menor e esse fator implica diretamente nos hábitos de leitura de uma população. Em uma residência de quatro pessoas, por exemplo, sendo dois adultos, um adolescente e uma criança para comprar um livro para cada um seria necessário investir mais de 10% de um salário mínimo e isso impacta diretamente o orçamento da maioria das famílias brasileiras e indiretamente os hábitos de leitura de toda a população, incluindo os jovens.

Portanto, medidas são necessárias para solucionar a problemática. O Governo Federal deve, através de um programa de incentivo e fomento a leitura, fazer parcerias com empresas privadas para que os livros possam ter uma parte de seu preço subsidiada para pessoas que não podem pagar o valor integral e os cidadãos que não puderem arcar com o preço dos livros deve se inscrever no Cras da sua cidade ao programa e assim usufruir do benefícios. As empresas privadas e públicas através de palestras devem mostrar aos seus funcionário a importância da leitura para a vida das gerações mais novas e incentivar os adultos a lerem para suas crianças. Para que assim alcancemos bons níveis de leitura e possamos diminuir a diferença de 260 anos que o Brasil tem em relaçãos aos países mais assíduos na leitura.