O preço da perfeição

Na música “Pretty Hurts” da cantora norte-americana Beyoncé, é retratado os bastidores de mulheres que trabalham diretamente com sua imagem e o sofrimento das modelos para lidar com a pressão estética e a indústria da beleza. Fora do mercado da moda, a preocupação com a estética não deixa de existir, sendo, pelo contrário, uma problemática crescente e preocupante, que pode ultrapassar as barreiras da saúde para se manter.

Ademais, a preocupação excessiva com a aparência, muitas vezes se sobrepondo à preocupação com a saúde, não é uma problemática recém-adquirida, embora ainda seja atual. Exemplificando, na Era Vitoriana, as mulheres tinham o hábito de tomar banho com arsênico, uma substância extremamente tóxica, com a finalidade de manter a pele uniformizada e livre de manchas. Fato que pode ser justificado devido à falta de conhecimento da época, entretanto, nos dias atuais, mesmo com um grande avanço científico e facilidade de propagação de informação, algumas mulheres optam por métodos duvidosos e nada saudáveis, afim de atingir a tão sonhada perfeição.

Similarmente, atrelado à uma maior preocupação estética, cresce também a quantidade de procedimentos estéticos realizados, fato notável em estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o qual apresenta que, de 2016 para 2019, houve um crescimento de 25% das cirurgias plásticas no Brasil. Sob esse viés, ressalta-se a banalização das cirurgias – que são por vezes invasivas e perigosas- sobretudo nas redes sociais, por pessoas com grande poder de influência, que expõem os procedimentos como “milagrosos” e ignoram os seus riscos em prol do tão sonhado corpo perfeito.

Portanto, em virtude dos fatos apresentados, urge a necessidade de mudanças. Com o intuito de reduzir as estatísticas de cirurgias plásticas realizadas devido à pressões estéticas, as grandes mídias de comunicação deveriam alertar a população, por meio de campanhas apelativas, sobre os riscos dos mais comuns procedimentos estéticos, convidando as pessoas a repensarem à necessidade de se submeter a certos tratamentos perigosos. Assim, certamente, as pessoas notarão os impactos da indústria de beleza e valorizarão hábitos mais saudáveis.