Olá, vestibulando
Esta semana, vamos conversar um pouco sobre a importância da leitura das obras literárias que compõem as listas de livros a serem estudadas para o vestibular. Por que devo ler esses títulos? E como posso utilizá-los em favor de minha redação?
Primeiramente, vocês sabem que as universidades que disponibilizam uma lista de livros para serem estudados elaboram questões referentes a essas obras. Muitas vezes, esses exercícios são bastante específicos, sendo necessário um conhecimento detalhado sobre o enredo, os personagens, o foco narrativo, o espaço, a linguagem, além de familiaridade com o movimento literário do qual determinada obra faz parte. Vestibulares como os da FUVEST e da Unicamp exigem conhecimento detalhado das obras que indicam para leitura.
Vamos exemplificar. Ao lermos “O cortiço”, de Aluísio Azevedo, devemos rememorar detalhes sobre a história narrada, mas precisamos conhecer mais do que a vida de João Romão ou de Rita Baiana, por exemplo; é necessário saber que o livro surgiu no século XIX, época de muitas transformações no mundo todo, inclusive no Brasil, no contexto da literatura do Naturalismo, cujas descrições cruas, a animalização do ser humano e o emprego do determinismo são centrais. Questões da FUVEST ou da Unicamp abrangem uma compreensão vasta e também detalhada de cada obra solicitada.
Esse entendimento global das obras literárias é muito importante também em vestibulares como o da UNESP, por exemplo, instituição que não disponibiliza uma lista de obras a serem cobradas pontualmente em questões. Justamente por esse motivo, conhecer os movimentos literários e quais títulos são os mais significativos de cada período é o primeiro passo para interpretar os exercícios que, a partir de trechos de obras, discorrem de maneira mais ampla a respeito da literatura, exigindo do candidato que interprete e identifique neles características caras a diferentes estéticas literárias. Voltando a “O cortiço”, observar a animalização do ser humano em trechos que apontem analogia das atitudes dos personagens com instintos selvagens certamente seria importante para fazer o vestibulando perceber que se trata de uma obra naturalista.
Mas e a redação? De que forma essa discussão inicial interfere em seu texto dissertativo, vestibulando? De várias formas, tenha certeza.
Comecemos com a linguagem. Você já deve ter ouvido muitas vezes que ler ajuda a escrever melhor, não é mesmo? Claro que praticar a escrita é tão importante quanto ler com frequência, mas quando ampliamos nosso universo de leitura, ampliamos também nossa observação de diferentes construções frasais em uso, novo vocabulário, além da visualização de recursos coesivos sendo empregados no texto. Isso possibilita um aprimoramento gramatical e vocabular, tão valorizados em uma redação.
Contudo, mais ainda do que na questão linguística, as obras literárias podem contribuir e muito na construção de um texto autoral. Muito temos apontado para a necessidade de planejar a dissertação, trazendo para o texto informações que extrapolem a coletânea, distanciem-se do senso comum e, ainda, mostrem o conhecimento de mundo adquirido ao longo da formação de cada candidato. Quando falamos em conhecimento de mundo, vestibulando, não estamos nos referindo somente a questões que envolvam atualidades, mas também todo o conhecimento pessoal que dialogue com diferentes áreas do conhecimento, como Geografia, História, Artes e Literatura. Sendo assim, a leitura dos títulos obrigatórios das listas de vestibular permite expandir o universo de informações que você pode utilizar em sua redação, a fim de torná-la mais autoral.
Se um tema, por exemplo, solicitar a discussão da exploração do trabalho, por que não aproveitar o já citado João Romão, de “O cortiço”, típico capitalista explorador, para ilustrar sua argumentação?
Então, por que não começar a ler agora mesmo?
Boa leitura e até a próxima!
Profª Aline
edimar rodriguesrodrigues
simplesmente real o que diz, eu preciso muito de praticar estes tópicos e fundamental para um bom desenvolvimento de uma prova por exempol.
valeu.
Luan Martinelli
Excelente texto professora, muito obrigado!